A adoção de Prontuários Eletrônicos sempre encontra resistência do corpo clínico. Basta conversar com um gestor de TI de um hospital que passou por uma implementação recente para escutar histórias traumáticas. Uma boa parte disso é relacionado à, em primeira vista, o médico não enxergar valor na troca do papel pelo computador e, nesse caso, esforços em educação podem resolver sem muita dificuldade. Mas um dos principais “fantasmas” da adoção está aquém da instituição: os softwares de PEP pecam em usabilidade.
O expertise em desenvolvimento de sites e produtos para Web inclui um senso apurado em usabilidade. Cada clique poupado em um site de comércio eletrônico, por exemplo, significa menos vendas e menos dinheiro no bolso. Ao longo de 10 anos intensos que passei nesse mercado, esse senso me vem a tona sempre que vou avaliar um software. Quando cheguei no mercado de saúde, ficou claro pra mim que havia um grande desafio nesse quesito.
Minha percepção foi confirmada quando soube que usabilidade nos PEPs é uma dor frequente para os CIOs de saúde, segundo uma pesquisa da Frost & Sulivan nos EUA. Alguns dos problemas apontados pelos profissionais são a dificuldade em inserir dados e sistemas de busca rudimentares. E o que é pior: o estudo aponta também que os problemas estão ligados ao mau desenvolvimento dos sistemas e não ao treinamento de funcionários. O tópico está tão em pauta que a AMA (Associação Americana de Médicos) publicou um documento reconhecendo a usabilidade no PEP como um fator muito importante para o país.
Não existe nenhuma pesquisa desse tipo no Brasil, mas, empiricamente, dá pra dizer que sofremos dessa mesma dor. São poucas as desenvolvedoras de software que se preocupam de verdade com a experiência do usuário final. É preciso entender que usabilidade não é um plus. Usabilidade no Prontuário Eletrônico significa também dados mais confiáveis sendo inseridos no sistema e maior aproveitamento deles. E, aí sim, o plus da usabilidade é a adoção mais tranquila por quem vai operar o sistema.
Por isso, ao considerar um PEP para sua instituição, comece a conversar sobre usabilidade com a empresa desenvolvedora. Você vai ganhar mais produtividade e menos resistência dos colaboradores. E, é claro, o mercado agradece pelo empurrãozinho rumo à maturidade.