Tenho certeza que até o fim de 2015 a gente chega lá, diz Nelson Pires, diretor do segmento de saúde da Totvs, empresa brasileira de sistemas de informação. Mas, lá onde? Na liderança do mercado. Queremos ser a opção natural para as instituições de saúde que procurem soluções de TI, crava.
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Liderar o mercado brasileiro de sistemas de gestão hospitalares, ou ERPs, significa desbancar seus dois maiores players, ou seja, a brasileira MV Sistemas e a holandesa Philips (fornecedora do Tasy), donos de uma participação de 27% e 24,6%, respectivamente. Os dados da pesquisa Antes da TI, a Estratégia, realizada pela IT Mídia em 2013, mostram a Totvs na terceira posição, com 16%, mas a diferença superior a dez pontos percentuais parece não abalar a confiança de Pires por duas razões.
Primeira e mais conhecida: a Aliança Estratégica em Saúde, em que a softhouse se uniu ao Hospital Israelita Albert Einstein, à Intel e à Microsoft para desenvolver soluções inovadoras para prestadores de serviço em Saúde. Da parceria já existe ao menos um caso de sucesso, no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Canoas, região metropolitana de Porto Alegre (RS). Além dele, o Hospital Restinga e Extremo-Sul, inaugurado recentemente, ainda na capital gaúcha e administrado pelo Moinhos de Vento.
Em comum, além das ferramentas básicas de gestão, os dois hospitais estão apostando na mobilidade para aumentar o desempenho clínico, coletando dados na beira do leito e, assim, aumentando a fidelidade das informações. A ideia é usar estes dados em melhores diagnósticos e ter, por exemplo, um controle mais preciso de estoques e leitos, entre outros benefícios.
A segunda aposta da Totvs deixa Nelson ainda mais animado: o desenvolvimento conjunto com o Hospital do Coração de São Paulo, o HCor, de um sistema de gestão hospitalar com múltiplos módulos e recursos, incluindo prontuário eletrônico e mobilidade à beira do leito, e que vai substituir todos os softwares legados da instituição. Em desenvolvimento já há cerca de cinco anos, inclusive com tecnologias da Aliança Estratégica embarcadas, o HIS, como está sendo chamado, tem também um objetivo mercadológico bem definido: ser uma solução aderente às demandas dos melhores hospitais brasileiros.
O executivo aponta os 54 membros titulares da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), além dos hospitais afiliados e outras grandes instituições acreditadas, como usuários em potencial para a nova solução. O HCor deve virar a chave para o novo sistema, já finalizado, na primeira quinzena de novembro, conta Pires, dando detalhes a respeito da operação de guerra: o desenvolvimento envolveu cerca de três mil pessoas e a ambientação dos usuários vem sendo feita há dois anos com rodadas de testes. Serão 1.600 estações, inclusive móveis.
Boa parte dos usuários se sentem donos da solução, pois houve brainstorm de todos. Todo mundo está muito motivado, conta o líder de saúde da Totvs. As demandas setoriais anteriormente não implementadas nos outros sistemas puderam ser levadas em conta. (...) O ganho operacional é gigantesco.
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Aposta
Os últimos 15 anos marcaram uma maturação na gestão das instituições de Saúde, com ganho de consciência dos gestores a respeito da necessidade de mapear processos internos e ganhar eficiência e, por consequência, acreditações. Isto, diz o executivo, mostra que há espaço no mercado para softwares que apoiem este workflow, substituindo uma série de ferramentas legadas ainda em operação no País.
Hoje os softwares são muito engessados, concorda o executivo, quando questionado a respeito da principal reclamação das instituições de saúde, ou seja, a falta de adequação das soluções pré-formatadas a um mercado tão heterogêneo. O workflow é a grande arma, diz.
As soluções para a área de Saúde da Totvs, como para todas as outras verticais em que a empresa atua, apostam em uma nova estratégia para ganhar flexibilidade. O Fluig, ou tecnologia fluída, é uma plataforma que integra gestão de processos, documentos e identidades em uma única interface. Simplificando, trata-se de camada complementar capaz de receber módulos independentes, inclusive para funcionalidades específicas da Saúde, facilitando a implementação.
Todos os softwares deveriam funcionar como BPMs [Business Process Management], opina Pires. [Os departamentos de TI] não podem ser dependentes das softhouses para sempre corrigir seus problemas. Eles precisam de flexibilidade.
É aí, na facilidade de integração e na aderência aos processos, que a Totvs aposta suas fichas. Nos últimos anos poucos [hospitais] mudaram. Logo o mercado vai ter uma gestão nova.
Parceria
Assim, o caminho buscado pela vertical de Saúde da Totvs no desenvolvimento de novos produtos foi o de buscar parceiros de peso, inclusive de instituições consideradas referência, como o HCor e o Einstein. Tratam-se, é claro, de grandes fontes de conhecimento de processos clínicos, mas também são instituições de difícil alcance.
É difícil pegar a assinatura de alguém desse porte. Para agradar HCor e Einstein a régua é mais alta, pondera Pires. O que é muito bom para a Totvs em longo prazo.
Essa proximidade no desenvolvimento também eleva a expectativa de crescimento da vertical. Ao repórter, o executivo lamenta não poder divulgar números e resultados. Nós não revelamos números de divisões, mas é uma pena. Este ano estou muito satisfeito. O crescimento foi muito grande em relação ao [ano] passado.
Nelson, que lidera a vertical há cerca de dois anos, diz que os casos de sucesso com grandes hospitais serão o grande chamariz para prospecção. Não adianta chegar para o cliente e dizer que vou fazer melhor. Ele tem que ver.